quarta-feira, 8 de julho de 2020

Já tinham a informaçāo, mas poderia ser fakenews


Um sistema de inteligência artificial emitiu um alerta sobre uma possível disseminação do coronavírus mais de uma semana antes do pronunciamento oficial da Organização Mundial de Saúde (OMS). O algoritmo da BlueDot, uma empresa de tecnologia para a saúde, enviou e-mail a organizações de saúde e companhias aéreas no dia 31 de dezembro, alertando para que eles evitassem a região de Wuhan, na China, que mais tarde foi confirmada como o epicentro da epidemia.
A tecnologia funciona por meio de um mapeamento de notícias a partir de centenas de fontes internacionais em 65 idiomas, além de rastrear redes de pesquisas em saúde, dados de companhias aéreas, comunicados oficiais de empresas ligadas ao agronegócio, pecuária e outras, e até mesmo fóruns de discussão sobre diferentes temas. Com tais informações, a BlueDot compila alertas relacionados a eventuais áreas de risco e novas doenças, como foi o caso do coronavírus, sobre os quais os clientes da companhia foram informados 10 dias antes do pronunciamento oficial da OMS e sete antes do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos, considerado o primeiro a oficializar a epidemia.
Mais do que apenas enviar avisos sobre o coronavírus, o sistema foi capaz de prever, também, o caminho que seria seguido pela infecção. Com base em dados de companhias aéreas e voos saídos de Wuhan, a tecnologia foi capaz de indicar cidades como Seul, Taipei, Tóquio e Bangkok como focos da doença antes mesmo de casos serem confirmados em todas elas. Os alertas, mais uma vez, eram voltados para que os clientes evitassem viajar para tais regiões e tomassem medidas sanitárias para reduzir o contato com o patógeno.
De acordo com Kamran Khan, CEO da BlueDot, o alerta pôde ser dado antecipadamente devido ao fato de sua tecnologia não depender de fontes oficiais do governo, como é o caso de organizações estatais de saúde. Ele criticou o silêncio das autoridades chinesas sobre o assunto e a demora na divulgação de informações sobre os casos do coronavírus, que levou a um alerta tardio por parte de órgãos internacionais de saúde, enquanto já se falava sobre o assunto em noticiários e grupos de discussão.
Khan acredita que o alerta da BlueDot poderia ter sido feito ainda mais cedo caso o sistema levasse em conta, também, as redes sociais, algo que não acontece devido à alta poluição dos dados, que prejudicam uma análise confiável. Ainda assim, ele acredita que a tecnologia é a mais veloz da atualidade na detecção desse tipo de epidemia, servindo não apenas para resguardar a saúde das pessoas como, também, auxiliar na contenção e tratamento dos infectados.

A tecnologia funciona por meio de machine learning e algoritmos de previsão, com um time de 40 pessoas, entre médicos e programadores, trabalhando o sistema e o alimentando com informações adicionais para auxiliar na precisão dos achados. Os funcionários também trabalham na validação das informações, com a BlueDot garantindo que nenhum alerta é feito sem que um grupo de especialistas dê o aval, como forma de não emitir falsos positivos e gerar pânico entre a população. Os dados são compartilhados com os clientes da empresa, que incluem companhias aéreas, hospitais, institutos de pesquisa e outras organizações de saúde, além de governos. O público geral, entretanto, não tem acesso às informações, algo que Khan afirma que mudará em breve.

Fonte: wired. (Canaltech.com.br acesso em 08/07/2020).

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